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Estudantes da Uepa escrevem por direitos humanos

Com mais de sete milhões de apoiadores e presente em mais de 150 países, a Anistia Internacional é um movimento global que realiza ações e campanhas para que os direitos humanos internacionalmente reconhecidos sejam não só respeitados, mas também protegidos.

A organização promove diversas campanhas, entre elas a Escreva por Direitos: a maior campanha de direitos humanos do mundo. A proposta é mobilizar a sociedade civil para que escrevam cartas sobre casos emblemáticos de pessoas que tiveram seus direitos violados em diversos países do mundo e as envie para as autoridades. As cartas são mensagens de solidariedade e petições. Clamando por justiça, o objetivo é pressionar as autoridades sobre causas sociais importantes e gerar ações de proteção aos ativistas que sofreram ou estão sofrendo perseguição política, social e/ou cultural.

Para integrar essa campanha, alunos de graduação da Universidade do Estado do Pará (Uepa) dos cursos de Ciências Naturais, Física, Filosofia e Ciências da Religião escreveram 103 cartas, desenvolvidas no âmbito de disciplinas ministradas pelo professor Tony Vilhena. O objetivo foi utilizar a campanha como estratégia pedagógica para desenvolver habilidades de abordagens metodológicas, exercício dissertativo e intervenção na realidade entre os discentes. ”Foi uma metodologia inovadora. Os alunos se envolveram de uma forma muito ativa e realizamos debates muito interessantes. Eles agora estão propondo outras ações, como visitas aos locais dos incidentes e a realização de seminários com a participação de ativistas”, explicou o professor Tony Vilhena.

Os estudantes poderiam escolher um dos oito temas da campanha, entre eles: proteção do ativista e defensor de direitos humanos Deley de Acari no Rio de Janeiro; fim aos abusos contra Ni Yulan e sua família em Pequim, que sofrem ataques, vigilância e intimidação por defenderem pessoas despejadas de suas casas; libertação imediata e incondicional de Tadjadine Mahamat Babouri, pai de sete filhos, detido, agredido e encarcerado por criticar pacificamente o governo da República do Chade no Facebook; entre outros fatos de repercussão internacional. Entre as cartas escritas por alunos da Uepa, o caso que mereceu mais atenção foi o do massacre de trabalhadores rurais na cidade paraense de Pau D’arco, em maio de 2017, onde, em confronto com a polícia, dez trabalhadores sem-terra morreram na fazenda Santa Lúcia.

“Foi a primeira vez que realizamos essa dinâmica e foi muito importante pois enquanto Universidade pública na Amazônia, palco de grandes conflitos, precisamos produzir uma ciência que reflita sobre essa realidade, sobretudo que possa ter incidência sobre ela. Por mais que escrever uma carta pareça um gesto ingênuo, ele chama a atenção das autoridades e desperta na pessoa que está escrevendo um envolvimento com a questão dos direitos humanos, fazendo a pessoa se sentir participante daquela causa”, contou o professor Tony.

Além das cartas escritas, também foi acessado o sítio eletrônico da Anistia para contribuir na campanha virtual. As cartas agora serão enviadas para seus destinatários ainda este mês de junho, dentro e fora do Brasil, com os custos cobertos pelo Instituto Ramagem, parceiro da iniciativa.

 

Texto: Helaine Cavalcante

Fotos enviadas pelo Prof. Tony Vilhena.