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Pedagogia de Paulo Freire inspira debates no CCSE

O Encontro dos Cursinhos Populares de Base Freireana encerrou o segundo dia de programação do  III Encontro Cátedra Paulo Freire Da Amazônia, do IV Fórum de Leituras Paulo Freire da Região Norte e da XV Jornada Paulo Freire. Os eventos seguem até o dia 27 de setembro, no Centro de Ciências Sociais e Educação (CCSE), o Campus I da Universidade do Estado do Pará (Uepa).

A coordenadora do Curso Popular Pré-Enem TF Livre, Ana Regina da Silva, conduziu o Encontro ao lado do professor da Uepa, Tony Leão da Costa. Para ela, a junção de esforços de diferentes entidades é um caminho a ser seguido para ampliar as possibilidades de acesso de jovens ao Ensino Superior. “A ideia é somar ao NEP (Núcleo de Educação Popular) e à Cátedra Paulo Freire. A importância dessa atividade foi buscar conexões, conectar não só os movimentos e as universidades aqui do Estado do Pará, mas também da América Latina e avançarmos em uma resistência em defesa da educação pública, popular e democrática.”, explicou.

Pela manhã, a programação incluiu debates sobre “Educação popular feminista e antipatriarcal”, com a presença das professoras Rosa Elva Zúñiga López, secretária federal do Conselho de Educação Popular da América Latina e do Caribe (CEAAL); Rita de Cássia Fraga Machado, da Universidade Estadual do Amazonas (UEA); Adriane Raquel Santana de Lima, da Universidade Federal do Pará (UFPA); e Isabel Theresa Tavares Neri, da Uepa. 

“Para mim, este evento é muito importante porque estamos discutindo movimentos sociais, universidades, organizações da Amazônia. É fundamental nos encontrarmos para conversar como fortalecer a república de resistência da educação popular no âmbito em que estamos presentes. É importante também a presença de mulheres, homens, indígenas, os movimentos sociais e do sindicato”, declarou a mexicana Rosa López.

Os eventos são uma realização do NEP e da Cátedra Paulo Freire da Amazônia, com o apoio do Centro Acadêmico de Pedagogia (Cape), CEAAL, entre outras instituições, programas de ensino e ação social. A programação inclui palestras e exposições no auditório Paulo Freire sobre a importância do educador nas práticas pedagógicas.

João Colares da Mota Neto, professor do curso de Licenciatura Plena em Pedagogia da Uepa e um dos coordenadores do NEP, frisou a importância de estudar Paulo Freire. “Reinventamos os autores e os teóricos. Não nos interessa repetir Paulo Freire. E o que ele disse, já está nos livros. Nós temos que conhecer o que ele disse para não cometermos aberrações e dizermos que ele disse algo que não disse”, pontuou. 

I Semana Paulo Freire do Curso de Pedagogia

O educador conhecido por todo o mundo e patrono da educação brasileira foi homenageado pelo Curso de Licenciatura Plena em Pedagogia, do Centro de Ciências Sociais e Educação (CCSE), com a I Semana Paulo Freire, realizada nos últimos dias 23 e 24. Durante o evento, egressas do Curso de Pedagogia da Uepa falaram sobre os projetos nos quais se utilizaram da metodologia Paulo Freire.

Um deles trabalhou com o preconceito fora da sala de aula e o respeito étnico com as crianças. “Trouxe o boneco de uma pessoa negra, asiática e branca e perguntei ‘qual é o melhor para vocês?’ E disseram na hora ‘o branco’, todos eles”, contou a professora Hanna Teixeira, participante do debate. Quando indagados sobre a escolha, informou Hanna, os alunos responderam que era por que os brancos aparecem mais na TV, são mais ricos e  também pelos pais falarem que as pessoas de pele branca são boas. “E eu fui construindo com eles o que todos têm em comum. Até que todos chegaram ao ponto que são homens”, descreveu. Um dos frutos desse trabalho que a professora Hanna desenvolveu foi um livro no qual se encontram diversas ideias e pensamentos dos alunos sobre assuntos atuais. “Construímos um livros com eles sobre o que gostariam de mudar no mundo. E, por incrível que pareça, surgiram temas que estão em todos os jornais”, falou Teixeira.

Milene Costa, também presente à mesa, desenvolveu pesquisa em um lar de repouso de longa duração para idosos, antes conhecidos por asilos, e chamou atenção para o vasto campo de ação que a pedagogia possibilita ao pesquisador. “A pedagogia já abre um leque de possibilidades maiores que estão cada vez mais acentuando essas vivências e essas possibilidades”, declarou Costa. Já Isabel Neri, egressa da Uepa e doutoranda na Universidade Federal do Pará (UFPA), afirmou que é preciso relacionar de modo crítico a obra de Freire às realidades trabalhadas. “Leia as obras do Freire, faça toda uma  discussão crítica apontando aspectos importantes para atualidade e perspectivas que ele não avançou porque não era da miríade dele e não era um foco dele”, aconselhou Isabel. 

A I Semana Paulo Freire do Curso de Pedagogia encerrou com mesa-redonda e mostra cultural.“Essa semana tem um significado muito grande, porque, para nós da educação, Paulo Freire é referência e nosso grande mestre. É o precursor da educação popular”, falou a coordenadora do Curso de Licenciatura Plena de Pedagogia, Ceila Moraes. A professora disse ainda que Freire ajuda a compreender os diversos conhecimentos populares. “Se tem, ao longo da história, essa ideia de que as minorias são bagunceiras, não tem conhecimento e projeto de vida. Mas tem, sim. E é a partir disso que Paulo Freire enxerga o outro como um ser importante. E valoriza aquilo que cada um tem”, disse Moraes.

Texto: Wesley Lima (Ascom CCSE), Viviane Nogueira e Ize Sena

Fotos: Marcello Sarmento e Nailana Thiely